domingo, 20 de dezembro de 2015

Cansei de investir em fragmentos

Cansei de investir em fragmentos. Me fez crescer em todos os sentidos, incluindo os negativos. Fui narcisista algoz como vítima dele. Fiquei possuído pela infrutífera busca de sentido que “tal pessoa” ou “tal fato” necessariamente poderiam me transmitir. Como consequência aprendi muito, mas pouco pude confiar nos demais.


Raramente disse o que sentia necessidade ou aquilo que gostaria de dizer. Quando ocorreu (talvez por erros de cálculos meus) dei com os burros n’água. Desse modo, foi plantada a semente da dúvida em tudo que combina relacionamentos e mundo virtual
.

Esse mundo virtual está aí para aprofundar e aguçar o nosso individualismo. Todas e todos com os quais nos “relacionamos” terminam abandonados ou jogados para trás pois não são “bem aquilo que eu procuro, afinal, eu sei que consigo coisa melhor”. Esses aplicativos de relacionamento nos oferecem um mercado de possíveis interações onde a mercadoria somos nós pessoas. O pior é que aceitamos este papel (basta ver os perfis de todas as pessoas, incluindo os nossos).


Se antes do surgimento destes aplicativos não acreditávamos em tudo o que víamos e estabelecer laços de confiança já era difícil, imaginem agora por trás de uma tela, sem a presença física de outra pessoa. Perdeu-se toda a garantia de veracidade daquilo que os demais dizem.


Uma vez vi na internet em um vídeo um africano comentar a respeito das temperaturas gélidas da Noruega o seguinte: “para mim, aquele frio todo é pior que a pobreza”.



Bom, para mim essa pegação toda não é melhor que conhecer bem as pessoas e investir nelas como um todo, como qualidades e defeitos, mas nunca mais em fragmentos sem contexto.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

SOLIDARIEDADE EM TEMPOS MODERNOS


 


Nunca me senti  tão mal com essa tal de sociedade. Descobri que através de gestos singelos ou comentários supostamente irônicos o mundo vem jogando para debaixo do tapete um dos elementos que o diferencia dos demais animais: a cooperação desapegada dos benefícios materiais ou  como alguns chamam, a solidariedade.

 

Na Europa é muito comum frequentar restaurantes ou cafeterias com letreiros e cartazes informando que a cada euro a mais pago pela refeição o cliente, supostamente, está combatendo a fome na África. A adesão dos cidadãos do primeiro mundo a essas campanhas aparentemente nos transmite uma noção de ideais elevados daqueles povos, porém, esconde por trás o desinteresse de todos em resolver seriamente o problema que eles geraram a centenas de anos atrás. Aquele euro a mais pelo “petit noir” serve para que o mesmo cidadão possa dormir tranquilo dizendo para si mesmo que fez a sua parte e que nada mais lhe compete.

 

No Brasil a coisa tem outra cara. Aqui nos comportamos de acordo com o dizer “tirar o seu da reta”. Viramos especialistas em “tirar o meu da reta”. Um acidente de carro? Chama o SAMU e “tira o teu da reta”. Incidente de avião? Deixa o cara decolar, se der merda foi decisão dele e tu “tirou o teu da reta”. Meus funcionários não podem vir trabalhar por causa da greve dos ônibus? Que se virem!! Vou descontar as faltas porque não tenho nada a ver com isso e “tiro o meu da reta”.  

 

O mundo pequeno-burguês está construindo uma nova corrente universal de “foda-se para tudo”.

 

Talvez as coisas mudem, mas não sei ainda quando. 2014 promete um ano de muitos protestos pelo Brasil e isso é alentador. No entanto, o fato dos protestos serem liderados em parte por anarquistas não me trás bons prognósticos. Porque? Pois como disse Lenin “o anarquista é um pequeno-burguês de cabeça para baixo”.  

 

Oxalá as coisas tomem uma direção interessante e alentadora.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Minha conversa com FHC


Logo após de passar a faixa presidencial para o então  estreante Luis Inácio Lula da Silva, o ex-presidente FHC pega um avião rumo à Europa.
 

Férias? Pode até ser, mas quando o vi lá pensei  “ele não veio à Portugal de graça. Ele veio conhecer o filho dele com a jornalista Miriam Dutra da rede globo!”. Por pura coincidência fiquei ao seu lado enquanto esperava as bagagens do nosso vôo da Varig. Naturalmente, não o tinha visto antes pois viajei na classe econômica e ele em alguma classe bem acima da minha. Daquelas onde no café da manhã a Varig costumava servir omeletes feitas na hora em pleno vôo!!
 

Me veio um sei lá o que!

Nojo! Raiva!!


Pensei rapidamente. Não queria escândalos, não é do meu tipo, mas ele precisava ouvir. Então, aproveitei a demora  acima da média que as bagagens levam até chegar e, em voz baixa, puxei a conversa.


-Presidente. Perdão FHC.


- Pois é, toda pessoa merece férias (responde com sorriso mais para demonstrar simpatia que vontade).


Minha ira era tanta que fui direto, sem rodeios.


-Você acredita no papel que as pessoas têm na história?


-Claro! Todos têm, a de alguns é mais evidente, a de outros é anônima. Todo contexto social tem seus atores. Todo. (eu havia esquecido que ele era sociólogo)


-Sim, evidente...mas...você não teme ser lembrado negativamente? (pergunto)


-Honestamente, agora isso pouco importa. Minha missão acredito eu, foi bem cumprida.


Segurei minha vontade de lhe estraçalhar a cara e respondi no mesmo tom de voz baixinho.


-Isso é verdade. Nunca um presidente foi tão assertivo como o senhor. Mas se eu fosse você, senhor, eu me preocuparia bastante, pois nunca na história do Brasil se viu algo tão mesquinho e hipócrita! O senhor foi o maior vende-pátria desse país! Construiu sua carreira política financiado pela Ford Foundation, braço da CIA na guerra fria cultural. Você foi base do governo Sarney quando era senador. Você entregou mais empresas públicas que qualquer um, só perde para a extração do Pau Brasil.  Mas isso não é o pior. Veja...


-Olha menino (me disse) dessa ladainha toda eu já estou cheio e conheço todo o seu discurso.


-Então só me deixe concluir com uma lamentável conclusão que tiro da vida e, consequentemente, da sua também: é uma pena eu ser ateu. É, se eu acredita-se em deus e vida após a morte estaria tudo ótimo, pois eu teria certeza que o senhor teria uma fornalha reservada no inferno para sofrer pelo resto dos dias. Mas infelizmente eu não acredito nisso tudo. E a conclusão que chego é que depois que você morrer, e eu espero que sofra bastante,  só restará o seu pó. E infelizmente só isso é muito pouco!! Filho da puta!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Talvez seja sangria desatada...


“Não é sangria desatada” é fácil dizer.
É fácil demais, porque as pessoas que dizem na verdade repetem uma realidade que duvido tenham passado.
E se passaram... no momento em que disseram a frase foi porque estavam muito distantes da realidade que os fez repetir esta falácia.

Talvez a vida não seja uma sangria desatada.
SEM DÚVIDA ela NÃO É!!! O problema é que a vida está desigual....

 

Sabem porque odeio a felicidade da Regina Casé? Porque a felicidade  dela é meu remédio em forma de placebo.
Eu detecto o placebo...

Ver o ponto positivo das coisas não me serve de nada. Serve aos outros. Eu ajudo os outros, consigo aliviá-los.... mas à minha figura não serve de nada.
Sentado ao lado de uma pessoa que adoro profundamente, fico tapado, imóvel, estúpido, alimentando fobias e pedindo trégua.
Desculpem-me.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Facebook é para otários feito eu

Sou da teoria de que o Facebook é a prova banal da amplificação de uma doença chamada Esquizofrenia.


Tudo isso se deve pelo simples fato de, no facebook, ser possível levar a vida que se bem entende.  Lógico, quem sabe o que é e não é verdade naquela merda? No facebook as pessoas criam uma campanha publicitária  de si próprias e, com o passar do tempo, acreditam na própria farsa que criaram.


A vida das pessoas parece que virou uma propaganda de margarina.


Mas existem exceções...ou não...


Esses dias conecto bem cedo, antes de começar o dia e me deparo com um milagre. Dentro de toda aquela indundação de coisas sem valor e utilidade, uma "amiga"minha do face publicou um texto muito interessante. O texto tinha uma estética bem adolescente (o que estava de acordo com a faixa etária da autora). Era simples, usava exemplos banais, MAS, levantava um tema interessante sobre a relação entre maturidade e desapego a certos "bens " materiais.


Analisando relativamente (ou seja levando em conta classe social, idade e a própria coragem em publicar pensamentos tão íntimos) decidi escrever para ela uma mensagem parabenizando-a.


Qual é a minha surpresa quando a moça me responde que na verdade o texto não era dela, a autora do desabafo era (COMO NÃO FUI CAPAZ DE PERCEBER!?!?!?!?!) a Martha Medeiros...


"Puta que pairu", pensei imediatamente.

"Vou te cagar a pau sua mangolona".



No entanto, imediatamente, me desculpei e reconheci que o grande problema não era a guria. Com ela estava tudo ok.


O Facebook continuará vomitando suas porcarias (com raras excessões), porém, até as raras excessões podem ser enganosas.


Afinal, o engodo está na excência do Facebook.


Mas o mais tragicômico de tudo é se dar conta que o maior jornal do estado tem como colunista MUITO BEM CONCEITUADA uma mulher que não consegue ultrapassar o argumento de um adolescente ao escrever...


Mas daí é outra história.

domingo, 8 de julho de 2012

A "sociedade do espetáculo" e o facebook


Ontem a noite voltava de um encontro com ex-colegas de faculdade e decidi pedir um hambúrguer para garantir a janta da noite. Enquanto esperava pela refeição olhava para uma fogueira (de verdade) e comecei a me perguntar por que não se fez até hoje um trabalho (ao menos que eu saiba) analisando o Facebook sob o ponto de vista histórico/social/filosófico.

Em seguida, ciente que não estou em condição de realizar nenhum estudo profundo a respeito de nada me dei conta que seria possível iniciar o debate sobre o tema fazendo o seguinte truque: pegar trechos do livro “A sociedade do espetáculo” de Guy Debord e trocar a palavra “ESPETÁCULO” pelo termo “FACEBOOK”.

Àqueles que ainda não leram este livro, não tentem recolocar a palavra “espetáculo” nos trechos a onde ela foi substituída, pois o conceito do termo usado pelo autor é um pouco profundo e nem um pouco “auto-evidente”.



A seguir os resultados.





- O facebook apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como parte da sociedade e como instrumento de unificação. Como parte da sociedade, ele é expressamente o setor que concentra todo o olhar e toda a consciência. Pelo  fato de este setor estar separado, ele é o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza é tão-somente a linguagem oficial da separação generalizada.



-O facebook não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens.



-Não é possível fazer uma oposição abstrata entre o facebook e a atividade social efetiva: esse desdobramento também é desdobrado. O facebook que inverte o real é efetivamente um produto. Ao mesmo tempo, a realidade vivida é materialmente invadida pela contemplação do facebook (...) a realidade surge no facebook, e o facebook é real. Essa alienação recíproca é a essência e a base da sociedade existente.



-Considerando (...) o facebook é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana(...) como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do facebook o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível.



- O facebook se apresenta como uma enorme positividade indiscutível e inacessível. Não diz nada além de “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que por princípio ele exige é a da aceitação passiva que, de fato, já obteve por seu modo de aparecer sem réplica, por seu monopólio da aparência.



-No facebook (...) o fim não é nada, o desenrolar é tudo. O facebook não deseja chegar a nada que não seja ele mesmo.



- O facebook domina os homens vivos quando a economia já os dominou completamente

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- A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social acarretou  (...) uma evidente degradação do ser para o ter. A fase atual, em que a vida social esta tomada pelos resultados acumulados da economia, leva ao deslizamento generalizado do ter pelo parecer (...).



-O facebook é o herdeiro de toda a fraqueza do projeto filosófico ocidental (...).



- A origem do facebook é a perda da unidade do mundo, e a expansão gigantesca do facebook (...) revela a totalidade dessa perda. (...) O facebook nada mais é que a linguagem comum dessa separação. (...) O facebook reúne o separado, mas o reúne como separado.



-(...) a dominação da sociedade por “coisas supra-sensíveis embora sensíveis” se realiza completamente no facebook, no qual o mundo sensível é substituído por uma seleção de imagens que existe acima dele, e que ao mesmo tempo se fez reconhecer como o sensível por excelência.



-O facebook é o momento em que a mercadoria ocupou totalmente a vida social. Não apenas a relação com a mercadoria é visível, mas não se consegue ver nada além dela: o mundo que se vê é o seu mundo.



-O facebook é uma permanente Guerra do Ópio para fazer com que se aceite identificar bens e mercadorias; e que a satisfação com a sobrevivência aumente de acordo com as leis do próprio facebook.



-O facebook, como organização social da paralisia da história e da memória, do abandono da história que se erige sobre a base do tempo histórico, é a falsa consciência do tempo.



 -A função do facebook é fazer esquecer a história na cultura(...).



-O facebook é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta em sua plenitude a essência de todo sistema ideológico: o empobrecimento, a sujeição e a negação da vida real. O facebook é, materialmente, “a expressão da separação e do afastamento entre o homem e o homem”.

domingo, 24 de junho de 2012

A maior praga brasileira não é a corrupção


O maior problema desse país é a sua classe média.


Nossa!!!! Que bando de gente medíocre (em sua maioria). Eu faço parte dela, mas como lembrou Cazuza, “sou rico mas não sou mesquinho”. A classe média brasileira é especialista em  copiar valores estrangeiros.


A classe média foi, e está sendo, educada para deixar de lado a análise crítica dos fatos que a circundam.  Qualquer filme de merda, repetitivo e previsível de Hollywood é “bom”.  O cinema norte-americano servido aos montes à “manada” é uma grande prova de como essa espécie esta se embecilizando sem perceber. Se continuar assim, daqui a pouco a “manada” masculina sairá do cinema com bonequinhos comandos em ação e a feminina com barbies... Tudo é “muito válido”...



O problema dessa “manada” é que ela adota tudo sem criticar.



Inteligência e cultura são palavras que perdem valor. Inteligente é aquele que sabe fazer dinheiro e isso faz da classe média uma manada facilmente manobrável e subordinada. Pior de tudo, subornável...


A classe média sonha com o dinheiro fácil!! Impressionante como essa nobre sensação é forte na manada. É por isso que, reconhecendo que jamais fará dinheiro fácil, a classe média detesta gastar dinheiro em coisas que não a beneficia pessoalmente e DIRETAMENTE. Isso explica porque a classe média odeia impostos. Ela acredita que por “estar pagando” ela tem direito a tudo (inclusive atrapalhar seus colegas de manada em condições iguais).



O estado policial é a solução de todos os problemas sociais da classe média. Quando se expressa politicamente (em sua grande maioria) é para expressar jargões simplistas de fácil digestão. Projetos como “bolsa-família” ou cotas para negros nas universidades são vistos como um desperdício de dinheiro “eles que se virem, eu tive que me virar antes”. É assim que ela apresenta  sua interpretação cristã e generosa da cooperação humana.



O fast-food deixou de ser a dieta favorita de muitos, agora ele é também o raciocínio da manada.  Filme “lento” é ruim e os argumentos vêm perdendo valides caso forem demorados...Ela precisa de entretenimento pois, segundo sua cartilha de “valores” é disso que se trata viver.



Para que parar para pensar?



Sejamos eternos adolescentes!!



Além da violência, a classe média tem pavor da corrupção. Ela se assusta com os números (e com razão) da corrupção tupiniquim. No entanto, esquece-se que se trata de um mal global. Não somos a segunda divisão da humanidade e corrupção ocorre em todo mundo. O maior problema ao reclamar da corrupção política, também como da roubalheira na esfera pública da administração nacional,  é a incapacidade da classe média em admitir (ou reconhecer) a roubalheira que também ocorre na ESFERA PRIVADA!!!  Rouba-se nas empresas privadas também!!! E, historicamente falando, elas são fruto do roubo (mas isso já é muito  profundo para a manada entender) Roubalheira que muitas vezes ela é cúmplice. Desde o caixa de um supermercado, até o gerente de uma loja podem roubar.  Quando não roubam nas empresas, roubam ao não declarar à receita objetos que compram em MIAMI, por exemplo. Todos fazemos isso.



Mas nem tudo é perdição. A classe média descobriu em DEUS a redenção de toda sua mediocridade. Lamentavelmente, essa espiritualização é praticada de modo exagerado e mal concebido. Colando adesivos nos carros do tipo “esse carro está protegido por Deus” a “manada” acaba fazendo coisas que nem um xiita  faria. A incapacidade de ver a floresta que rodeia uma árvore transformou os valores coletivos que a religião preconiza em uma relação puramente auto-referencial e pouco humanista.



Lá no fundo, a classe média quer mudar o mundo. Ela tem seu momento de bom samaritano, por vezes. É por isso que, para mudar o mundo ela pedala de bicicleta, realiza danças coletivas ou corridas “pela vida” para combater o câncer ou o aquecimento global.   Tudo para salvar o meio ambiente!!! Porém, a classe média não é capaz de perceber que todo este argumento não tem embasamento científico e que se trata de mais uma balela para ela aceitar produtos e comportamentos sem questionar.



Sem questionar, as antigas COHAB’s foram substituídas por condomínios bregas de mau gosto. Sem questionar, aceitam-se carros com prazos validade cada vez mais curto.



O e-book é uma “ótima iniciativa” (“ÓTIMO FICA BEM MAIS ACESSÍVEL”), porém  a manada não reconhece  que com papel ou sem papel somos uma sociedade que raramente lê. E quando lê...já sabe. É best-seller, bíblia ou Paulo Coelho.



A classe média acha que sabe reclamar.

A classe média adora os seus escravocratas.( Tele-jornais, tele-novelas, rádio,etc...)

A classe média não é exemplo de nada.

No inferno, os ruins serão separados dos piores.